Medo, dúvida e confiança - Mateus 14 : 24-32

"E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário; mas, a quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais. E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? E, quando subiram para o barco, acalmou o vento."


Nesta passagem do evangelho de Mateus é descrita uma situação onde era preciso confiança, mas por alguns instantes o que prevaleceu foi o medo e a dúvida. Os discípulos, seguidores e conhecedores de Cristo, que vivenciavam diariamente o poder e a graça de Deus, num momento de adversidade, temeram e duvidaram em seus corações.


Isto nos mostra que o medo é um sentimento humano e que em determinados momentos vamos senti-lo, mesmo que sejamos pessoas já compradas pelo sangue de Cristo. E isso acontece por dois motivos simples:
ou porque não reconhecemos Jesus e tudo que ele já fez na nossa vida, mesmo que por um instante; ou porque desviamos o olhar dele e olhamos para a tempestade.


E foi exatamente o que aconteceu com os discípulos naquela hora. Quando Jesus caminhava sobre as águas, os discípulos, vendo-o, assustaram-se e gritaram com medo. Não reconheceram que era o poder e a graça de Deus em Cristo agindo naquele momento. Quantas vezes passamos por um problema e não percebemos que, quando saimos dele, estamos pessoas melhores e mais fortes? Não reconhecemos a ação Divina agindo moldando nosso caráter. Quantas vezes desejamos coisas que não se concretizam, e não reconhecemos que é o amor de Deus nos guardando de um futuro que não é da sua vontade? Mas "A vontade de Deus é boa, perfeita e agradável." (Romanos 12:2), não duvide e não temas, ele tem o melhor para a sua vida.


Já Pedro, mais ousado que seus companheiros, desceu do barco e caminhou sobre as águas para ir ao encontro de seu amado amigo. Ou seja, ele negou toda a "segurança" do barco para caminhar, pela fé, o caminho que Jesus lhe propunha. Imagino que quando Pedro olhou toda a tormenta ao seu redor ele deve ter pensado "porque fui sair da segurança do meu barco?". Mas na mesma hora ele se lembrou "eu estou com Cristo e é ele a minha segurança". Pediu socorro e obteve uma mão estendida em sua direção. A mão que sempre está a nossa espera, pronta a nos resgatar do mais profundo mar e a nos guiar pelos caminhos que a vida propõe.


Eu aposto que nesse momento Jesus olhou fundo nos olhos de Pedro, como se dissesse "não temas, eu estou contigo", e logo em seguida estendeu a mão a ele. Quando, com os olhos do coração, vemos a Cristo com sua ternura dizendo que está conosco, ah meu amigo, isso nos encoraja a confiar nele e entregar toda nossa vida a ele, porque temos a certeza que ele sempre vai estar ao nosso lado.


Logo em seguida, se referindo a Pedro e Jesus, o texto diz: "quando subiram para o barco, acalmou o vento". Querido, quando Jesus entra e fica na nossa vida, toda tormenta, por pior que seja, não nos atinge. Nós caminhamos sobre ela no barco calmo e seguro que é a compania de Deus. Enfrentamos tempestades, raios, redemoinhos, mas pela fé, temos a compreensão e a certeza de que após tudo isso, virá um dia de sol, onde os pássaros vão brincar no céu e os peixes vão saltar no mar festejando a nossa vitória por Cristo, com Cristo e em Cristo.


Amigo, não dúvide, não temas, simplesmente confie. Não confie na segurança das coisas do mundo mas sim na segurança do amor de Deus. Pode ser difícil, mas vale a pena, porque


"A vontade de Deus é boa, perfeita e agradável."


A paz de Cristo.